Il-Ġimgħa, 11 ta’ Diċembru 2009

Em defesa das massas

Sloterdijk entende que as massas sempre foram entendidas como dignas de desprezo: ou eram objeto de manipulação e nada mais ou eram matéria prima para um trabalho de conscientização que as transformaria em genuínos agentes políticos. Ele aponta para Spinoza (cf. Negri talvez) como uma alternativa rara.

As massas são interpeladas - por exemplo e tipicamente, pela polícia. Se a interpelação constitui sujeito, pronto, já as massas são sujeito. E são sujeito puramente mediático, são meio de contaminação, são instrumentos de ressonância. Quando mais desindividuadas estão as massas, melhor elas ressoam - melhor elas atuam como um plano liso onde os eventos se propagam. É como uma arena de desejos em ebulição, coacervados de plataformas políticas; nem é que elas criam os desejos ou que elas se libertam dos desejos estabelecidos - mas elas os disponibilizam. Trata-se de um ambiente para os desejos, com impecilhos próprios, mas onde velocidades diferentes convivem - os que correm, os que ficam para trás, os que olham em volta, os que obedecem quem está perto, os que desobedecem os que estão perto.

As massas se dispersam: as multidões organizadas que são os indivíduos retornam aos corpos. Quanto eles podem tardar indica quanto estão controladas as forças dos corpos que se prestam (e emprestam) à massa.

1 comment:

Poney said...

adorei, hilan.
a inspiração foram os cavalos de quarta?

gostei muito mesmo.o esforço de se desfazer dos laços apertados do sujeito parece pedir uma boa dose de humildade pró-massa. curti.

beijos.